Tuesday 23 September 2008

Pancada de vento

A fina e severa chuva mostrava a realidade,
raízes se arrancavam com o vento que ainda
as levavam pra longe tombando-se por toda parte.
Na mesma corrente de ar inevitável que planavam
aves prendendo o fôlego, havia por certo magia...
Dourada poeira largada do alto, mão certa e imensa,
vai, vem e alimenta, empurra o desespero até o ultimo minuto,
dissolve o problema na hora perfeita, por certo magia...
Trabalhar tão pesado é o que silencia

num rosto caboclo cortado de açoite
os gritos do parto no meio da noite
sorriso e a dor, o sangue e o suor...
em toda energia que se inicia
o olho irradia por certo magia...


Friday 19 September 2008

Coma por segundos

As gaivotas devoravam ao extremo voraz
do absurdo peixes triturados deixados pra traz
pelo Ferry, e no rosto lindo da criança que chorava
via minha juventude, e meus olhos fechavam lentamente
congelado nas imagens e no zunido das asas de todo o imaginário,
agua corrente, inocência selada, jardins vandalizados, esoterismo
incontrolável...O meu Eu sendo mimiografado por minha memória e mostrado
friamente por segundos apenas, tempo suficiente pra queimar toda fiação que conecta e diferencia o fato lógico do irreal irracional.

@cidez


O amor é o ácido lático do coração,

que na prática se transforma em prazer

que pode perdurar se não alimentado

através da visão, lágrima é secreção

de tal dor muscular.

Wednesday 17 September 2008

Morte

A morte é um corpo que lentamente cai na pureza
da pluma queimando a antiga folhagem e
espalhando a fuligem que outrora foi alma,
matéria esquecida, conhecimentos retidos
em sagrados punhos e então lançados a uma
nova promessa de vida.

Thursday 11 September 2008

Novo elemento


A tua presença e a luz do sol são constantes e
estão paralelamente correndo para dentro do universo,
por toda parte, exceto quando a noite vem...
quando os planetas se viram de costa...
quando as estrelas coladas no teto do quarto desbotam-se perdem
sua forca ou sua cola caem ou se apagam...
quando o corpo se deita só,
quando uma lágrima cai numa pia seja ela de ouro
ou num ribeirão sozinha e pra sempre perdida se despedaça,
teu reflexo então se evapora e
respira alucinada tal marizia
que de fininho sai pro sereno que
chega para se deitar, sobre flores,
sobre o Ipe, orvalho , cidreira, no capim...
e a vida renova seu hálito a cada manhã
trazendo em si a dor e na boca o amanhã
é outro dia.

@dri

Friday 5 September 2008

Parabéns

Cara a cara
um passo a frente
piscar de olhos
dois segundos apenas
beijos no rosto
e o movimento do ar
em sua retirada
circulando em voltas
deixando o cheiro
do conjunto que então

se move,deixa marcas...
prefere não dizer e sim concluir.

Thursday 4 September 2008

armadilha


O coração é a única arma de nós usadas contra nós mesmos, e somente nós mesmos temos a capacidade de acalmá-lo, cessar o choro, não ir além, ficar suspenso, pairar...e torcer pra que haja uma resposta, porque a feição do rosto é o que faz calar a alma.